terça-feira, 19 de novembro de 2013

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

04/11/2013 - 03h00
Eu acuso


Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.

Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.

No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.

Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.

Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.

A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.

Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.

Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".

Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.

Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.

E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.

Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.

Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.

Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.


Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".

domingo, 27 de outubro de 2013

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

domingo, 6 de outubro de 2013

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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

sábado, 28 de setembro de 2013


Sexo, gênero, modalidade: 
a marcha da anarquia sexual





“Como vimos no primeiro capítulo, é em nossos desejos inconscientes reprimidos que encontramos a essência de nosso ser, a pista para as nossas neuroses (enquanto a realidade é repressiva), e a chave para o que podemos nos tornar se a repressão do real cessasse".
--- Life against death: the psychoanalytical meaning of history, de Norman O. Brown (1959).


"O tempo livre poderá se tornar o conteúdo da vida e o trabalho poderá se tornar o livre exercício das capacidades humanas. Desse modo, a estrutura repressiva sobre os instintos poderá ser explosivamente transformada: as energias instintivas que não mais estarão amarradas ao trabalho sem recompensa estarão livres e, como Eros, forçarão para universalizar relacionamentos livres e desenvolver uma civilização libidinosa."
--- Herbert Marcuse, Five lectures, citado por Leszek Kolakowsky em Main currents of marxism.




“Aqueles que desejam liberar o homem da ordem moral precisam impor controles sociais tão logo eles o consigam, porque a libido liberada conduz inevitavelmente à anarquia. No curso de dois séculos, aquelas técnicas tornaram-se mais e mais refinadas, resultando num mundo onde as pessoas fossem controladas, não por forças militares, mas pelo controle técnico de suas paixões.”
--- Comentário sinóptico de Libido dominandi, sexual liberation and political control, de E. Michael Jones.


“Assim, um homem bom, embora escravo, é ainda assim um homem livre; mas o homem fraco, mesmo sendo rei, será escravo. Porque ele serve não a apenas um homem, mas, pior, a tantos mestres quantos sejam seus vícios”.

--- Santo Agostinho, City of God.


Peter Heck [1]
O debate sobre se aqueles que praticam o homossexualismo deveriam alcançar a situação legal de “casados” por sua relação com o mesmo sexo é persistentemente mau caracterizada pelos ativistas nos dois lados como a tentativa de redefinir o casamento. Para aqueles que se opõe a esta mudança, isto é mais certamente um erro da ignorância; enquanto para aqueles favorecidos, trata-se apenas de uma intencional tática diversificatória. Para ser claro, de modo a “redefinir” qualquer coisa, antes é preciso haver uma definição alternativa sendo defendida.Nesse ponto, nenhuma proposta substituta emerge.
Na verdade, o que se está querendo não é qualquer redefinição do casamento, mas antes uma “indefinição” dele --- uma tentativa para obliterar qualquer parâmetro fundamental para o que é percebido como comportamento sexual moral e imoral. Para qualquer um atento às últimas décadas, esse esforço não deveria parecer nem um pouco surpreendente.
O debate sobre a homossexualidade em nossa cultura, depois de tudo, é nada mais que a manifestação atual de uma cruzada bem mais ampla pela anarquia sexual[2], a qual vem sendo ampliada desde a publicação dos estudos fraudulentos de Alfred Kinsey na década de 50. Engajado em nada menos que pedofilia institucional e abuso sexual de crianças tão jovens quanto as do jardim de infância, a “pesquisas de Kinsey defende que a média dos americanos está comumente envolvida em toda sorte de atividade sexual. Ele e seus acólitos urgem a cultura para agir de acordo com suas revelações, para todos libertarem-se de seus medos e vergonhas sobre tal comportamento e abraçar todas as formas de atividade sexual como expressões aceitáveis.
A causa de Kinsey adulterou o movimento de amor livre dos anos 60 com o seu apelo por quebrar as barreiras sociais contra quase todas as formas de expressão sexual [3]. E desde então, temos assistido uma implacável campanha destas forças que promovem a anarquia sexual para normalizar variações de sexo meramente recreativas, anteriormente condenadas. Quando Kinsey começou isto, a maioria resistia à idéia de que sexo deveria ser entretenimento, até a cultura pop torná-la uma idéia mais aceitável, e aos poucos o próprio padrão cínico da sociedade. A maioria também resistia à idéia de que o divórcio devesse ser facilmente alcançado, até a cultura pop defendê-lo como coisa mais que óbvia. E mais; a maioria resistia à idéia de que a promiscuidade devesse ser celebrada como forma de manifestação sadia, até que a cultura popular a normalizasse. A maioria também resistia à idéia de que o homossexualismo e o cross-dressingdevesse ser aceito, e agora a cultura pop está normalizando isso.
Se a minha avaliação está correta, nós estamos vendo o próximo passo na cruzada pela anarquia sexual tomando forma. E justo nessa hora, uma nova história surge na América do Norte, para tornar real tal coisa. E esse caso e outros são os futuros modelos para serem exportados para todas as nações ocidentais.
Como explica a colunista Lindsay Whitehurst, próximo de 38 mil poligamistas em Utah estão seguindo o caso onde a Suprema Corte está para decidir que pode derrubar o banimento da poligamia no país. O que é mais chocante nessa história é quão assustadoramente semelhante ao argumento poligamista é aquele que estamos ouvidos atualmente das demandas de grupos de homossexuais ativistas e de transgêneros na América [4].
Chamando esse procedimento “histórico”, a defensora da poligamia Marlyne Hammon declarou: “Se o Canada passar esta lei, estará mandando uma importante mensagem para o resto do mundo. Eles podem ver que [a poligamia] não é o que todo mundo diz. É sobre pessoas.” Hammon acrescenta que a descriminalização do casamento plural [!] no Canadá será um grande impulso para quem queira defendê-lo nos Estado Unidos. “Temos que nos afirmar em nossos lares”, diz ela. “Precisamos continuar lutando por nossos direitos civis”.
O porta-voz da Advocacia Geral de Utah, Paul Murphy, tem dito sobre o caso: “Isso nos irá instruir. O Canadá está enfrentando os mesmos temas que enfrentamos; temos esta mesma lei, mas na maioria das vezes não vem sendo aplicada por qualquer instância legal.”
É de notar a similaridade da linguagem e de sentimentos dos quais se valem: “direitos civis”, “antidiscriminação”, “auto-realização”, “felicidade pessoal”, “não julgue”, “direitos constitucionais”, “expressão pessoal”. As mesmas expressões usadas pelos anarquistas sexuais para promover a aceitação do comportamento homossexual já está sendo usado para se avançar ao próximo passo nessa escada. Deve ser sem nenhuma surpresa, pois, que então alguém como Tom Hanks, um proponente em alta voz do casamento gay, seja o atual produtor executivo para as séries da HBO “Big Love”, retratando (e normalizando) uma família poligamista em Utah.
Uma vez que o caminho tenha sido forjado pelos ativistas homossexuais, a poligamia não é nada mais que o próximo passo lógico. Paul McCormack, professor de direito da Universidade de Utah, confirma que se a Suprema Corte aceitar a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, isso abrirá o caminho para outras formas pessoais de preferência sexual: “Isso ressuscitará o interesse pela poligamia”, diz ele.
Por tudo o que se disse até agora, eu pergunto a todos que sustentam a legalização do “casamento gay”: como pretenderão negar direito àqueles que defendem a poligamia? [5] E como impedirão que se dê, nessa marcha, o próximo passo então? Essa questão tem passado de uma hipotética casca de banana de tolerância para com o bizarro até a perversão pura e simples para então entrar definitivamente no mundo real e infestar a legislação. Toda fantasia mais solta reivindica hoje estar protegida por lei. Essa questão precisa de uma resposta nossa, é preciso firmar uma posição, antes que se resolva enveredar por esse caminho aberto por Kinsey.
Se removermos as pilares morais atuais que definem o casamento conforme o pretendia Deus, entre homem e mulher, declarando-o uma violação dos direitos civis daqueles que aceitam o homossexualismo, como podermos repor depois aqueles mesmos pilares para rejeitar os direitos civis reivindicados pelos polígamos?
Se aceitarmos o argumento esposado pela cultura pop dos ativistas homossexuais, como o pleiteia Ellen DeGeneres, nos seus termos: “As pessoas estão se tornando o que elas querem se tornar, e nós temos que aprender a amá-las pelo que elas são e deixá-las amar quem elas querem amar”, como poderemos rejeitar ativistas como Marlyne Hammon, que dizem o mesmo?
A resposta é, não iremos. Esta é a conseqüência de deixar “indefinido” o conceito de casamento --- que se torna um termo sem sentido, de uma vez por todas subjugado pelas forças da anarquia sexual. Isso necessariamente abre os portões do dilúvio para a legalização de cada forma de atividade sexual, da poligamia ao incesto, à infâmia da pedofilia --- chamada então “pedossexualidade” ---, e à bestialidade. Antes de erradicarmos as barreiras morais de nossa cultura, podemos querer dar uma pausa com tempo para considerar o que nos espera para além destas transformações, para outro mundo, culturalmente amorfo.
Notas

1. Peter Heck é professor universitário público e radialista em Indiana. Texto original do American Thinker, February 14, 2011:"The Polygamists Make Their Move”.

2. Falta ainda notar que o feminismo, uma das primeiras formas de demanda de direitos sexuais, e que precede todas as outras, fez com que as mulheres acreditassem que sua liberdade dependia de ser aquilo que todo machista sempre quis elas fossem. Que isso tenha acontecido dentro de um movimento de afirmação dessa condição, não apenas permitiu que a sujeição assumisse, disfarçando-se de nudez explícita, o cinismo mais descarado, e, de volta, liberando os homens, para sua própria “liberdade” sujeita. Decorreu no rastro desse tornado cultural, de efeito calculado, todos os movimentos úteis a uma desordem ainda maior, aquela que vai defender todo tipo de perversidade epicurista como máxima expressão da condição humana e com expressão legal.
3. Em Saul Alinsky, ativista político da esquerda americana, hoje no poder, há marcado o esforço pela separação das gerações, de modo que os mais velhos não possam repassar a tradição aos jovens e que eles se formem novos e sem ligação com a tradição. Ligação que já está no ponto de ser reestabelecida, sob pena de se perder algo que, uma vez perdido, não terá mais volta.
4. Para comprová-lo, de por aqui, ler o relatório de Ayres Britto e comentário de Peluso sobre o tema com foi tratado no Brasil, de forma idêntica, sem fundamentação hermenêutica qualquer além do deslizamento anárquico ao copular com um safado terceiro elemento de interpretação à Constituição para além do que seria aceitável fazer, sem que isso tenha despertado qualquer indisposição de quem quer que seja na área no caso do casamento homossexual.
5. Q.E.F., o que se queria fazer! A poligamia é o próximo passo, mas não é um fim em si, senão que sua aprovação permitira que não apenas casais do mesmo sexo sejam reconhecidos legalmente como família, mas qualquer associação de pessoas, mesmo aquelas pessoas do mesmo sexo, como um clubes de swing poderiam reivindicar tornar-se uma família conjugal.
ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013



Estudar antes de falar
Publicado em Terça, 13 Agosto 2013 19:23
Escrito por Olavo de Carvalho




O caminho mais curto para a destruição da democracia é fomentar o banditismo por meio da cultura e tentar controlá-lo, em seguida, pelo desarmamento civil. A esquerda nacional tem trilhado coerentemente essa dupla via há pelo menos cinco décadas, e sempre soube perfeitamente qual seria o resultado: o caos social, seguido de endurecimento do regime se ela estiver no poder, de agitação insurrecional se estiver fora dele.

Essa estratégia é antiga, clássica, imutável, mas os pretextos com que se legitima conforme as conveniências do momento têm sido variados o bastante para desnortear a plateia, que se entrega a animadas e às vezes ferozes discussões sobre os pretextos mesmos e nunca atina com a unidade do projeto por trás deles. Às vezes, como acontece no Brasil, nem chega a perceber que entre as duas vias simultâneas existe alguma relação.

Pessoas mentalmente covardes vendem a mãe para não correr o risco de ser rotuladas de "teóricas da conspiração". Rebaixam-se ao ponto de defender de unhas e dentes a "teoria das puras coincidências", segundo a qual as ações acontecem sem autores.

Imaginem então o medo que essa gente tem de reconhecer algo que no resto do mundo já é obviedade patente: que o comunismo não morreu em 1990, que está hoje mais forte que nunca, sobretudo na América Latina. Treze anos atrás, quando Jean-François Revel publicou seu último livro, La Grande Parade, ninguém na Europa ou Estados Unidos o contestou quanto a esse ponto, que no Brasil ainda é um segredo esotérico.

Há até quem negue que Dilma ou Lula sejam comunistas, mas faz isso porque não sabe exatamente o que é um comunista e, como em geral os liberais, imagina que é questão de ideais e ideologias. Na verdade, um sujeito é comunista não porque creia em tais ou quais coisas, mas porque ocupa um lugar numa organização que age como parte ou herdeira da tradição revolucionária comunista, com toda a pletora de variedades e contradições ideológicas aí contida.

A unidade do movimento comunista, sobretudo desde Antonio Gramsci, da New Leftf americana e do remanejamento dos partidos comunistas após a dissolução da URSS, é mais de tipo estratégico do que ideológico.

Na verdade, esse movimento, cuja extinção a queda da União Soviética parecia anunciar como iminente e inevitável, conseguiu prosperar e crescer formidavelmente desde o começo dos anos 90 só porque abdicou de toda autodefinição doutrinal homogênea e aprimorou a técnica de articular numa unidade de ação estratégica as mais variadas correntes e dissidências cuja convivência era impossível até então. Convicções, portanto, sinceras ou fingidas, não têm aí a mais mínima importância.

Para um sujeito falar com alguma propriedade sobre o movimento comunista, deve antes ter estudado as seguintes coisas:
(1) Os clássicos do marxismo: Marx, Engels, Lênin, Stálin, Mao Dzedong.
(2) Os filósofos marxistas mais importantes: Lukács, Korsch, Gramsci, Adorno, Horkheimer, Marcuse, Lefebvre, Althusser.
(3) Main Currents of Marxism, de Leszek Kolakowski.
(4) Alguns bons livros de história e sociologia do movimento revolucionário em geral, como Fire in the Minds of Men, de James H. Billington, The Pursuit of the Millenium, de Norman Cohn, The New Science of Politics, de Eric Voegelin.
(5) Bons livros sobre a história dos regimes comunistas, escritos desde um ponto de vista não-apologético.
(6) Livros dos críticos mais célebres do marxismo, como Eugen von Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Raymond Aron, Roger Scruton, Nicolai Berdiaev e tantos outros.
(7) Livros sobre estratégia e tática da tomada do poder pelos comunistas, sobre a atividade subterrânea do movimento comunista no Ocidente e principalmente sobre as "medidas ativas" (desinformação, agentes de influência), como os de Anatolyi Golitsyn, Christopher Andrew, John Earl Haynes, Ladislaw Bittman, Diana West.
(8) Depoimentos, no maior número possível, de ex-agentes ou militantes comunistas que contam a sua experiência a serviço do movimento ou de governos comunistas, como Arthur Koestler, Ian Valtin, Ion Mihai Pacepa, Whittaker Chambers, David Horowitz.
(9) Depoimentos de alto valor sobre a condição humana nas sociedades socialistas, como os de Guillermo Cabrera Infante, Vladimir Bukovski, Nadiejda Mandelstam, Alexander Soljenítsin, Richard Wurmbrand.

É um programa de leitura que pode ser cumprido em quatro ou cinco anos por um bom estudante. Não conheço, na direita ou na esquerda brasileiras, ninguém, absolutamente ninguém que o tenha cumprido.

Há tanta gente neste país querendo dar palpite no assunto, quase sempre com ares de sapiência, e ninguém, ou praticamente ninguém, disposto a fazer o esforço necessário para dar alguma substância às suas palavras.

Nenhum esquerdista honesto o fará sem abjurar da sua crença para sempre. Nenhum direitista, sem reconhecer que era um presunçoso, um bocó e, em muitos casos, um idiota útil – às vezes ainda mais útil e mais idiota do que a massa de manobra esquerdista.

A esquerda prospera na exploração da ignorância, própria e alheia. Onde quer que ela exerça a hegemonia, impera o mandamento de jamais ler as obras de adversários e críticos, mas espalhar versões deformadas e caricaturais das suas ideias e biografias, para que a juventude militante possa odiá-los na ilusão de conhecê-los. Universidades que professam dar cursos de marxismo capricham nesse ponto até o limite do controle mental puro e simples.

A direita, bem, a direita cultiva suas formas próprias de auto-ilusão, das quais já falei bastante neste mesmo jornal. Talvez volte ao assunto em outro artigo.

Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/113943-estudar-antes-de-falar

sábado, 10 de agosto de 2013

Labyrinth - As the world falls down - David Bowie

sexta-feira, 19 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

Vídeo com áudio do programa TrueOutspeak do filósofo Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho explica a única solução para a crise cultural e política do Brasil

(15/11/2010) Olavo explica única solução para decadência cultural e política


(15/11/2010) Olavo explica única solução para decadência cultural e política

(15/11/2010) Olavo explica única solução para decadência cultural e política

O problema do Brasil é a confusão mental


 Escrito por Olavo de Carvalho | 07 Julho 2013
Artigos - Cultura

Notas recentes e trechos antigos do filósofo Olavo de Carvalho, organizados por Felipe Moura Brasil para responder de vez a todos que perguntam quais são as soluções, ou pedem 'propostas positivas' para o país; ou ainda exigem ambas, xingando quem quer que "apenas" combata seus males.

1.

Muito mais que o comunismo, a corrupção, o banditismo e a má administração, o problema do Brasil é a CONFUSÃO MENTAL. Sem corrigi-la antes, nenhum dos outros problemas terá solução jamais.

2.

Alta cultura não é estetismo, não é show business, não é indústria cultural: é preparação do espírito humano para que não se perca na selva das aparências, mas, lidando com um problema qualquer, vá direto ao ponto.

Infelizmente, não é possível transmitir alta cultura a milhões de pessoas antes de havê-la transmitido a uns milhares, nem a uns milhares antes de havê-la transmitido a uns poucos.

Isso, no entanto, não é desculpa para não começar nunca.

3.

Existe algum "movimento conservador" com organização, militância e recursos para enfrentar o MST? Existe aliás algum líder conservador de movimentos de rua que tenha ao menos parado para estudar a estrutura e a estratégia do MST? Ou alguém, no meio conservador, que tenha parado para meditar quantos anos levou o MST para conseguir algum de seus objetivos, mesmo os mais modestos? Estou com o SACO CHEIO de entusiasmos levianos. Não existe ninguém sério na merda da "direita" brasileira?

Vejo um monte de gente disposta a sair gritando na rua. Peça uma contribuição de dez reais a cada um e metade deles lhe virará as costas. A outra metade rirá na sua cara. O PT recebeu de seus militantes contribuições de dez, vinte e até trinta por cento dos seus salários durante DÉCADAS antes de conseguir alguma projeção política. A direita brasileira é desprezível.

"Deserve victory", ensinava Winston Churchill. Merecê-la desde antes mesmo de buscá-la. Quem, na porra da "direita" brasileira, entende isso? Se não vêem uma perspectiva de vitória em dois meses, ficam todos deprimidinhos e acham que é o fim do mundo. A esquerda está no poder porque o mereceu.

4.

Sabem por que o comunismo prospera? É porque gerações e gerações de comunistas consentiram em dar suas vidas pelo movimento e morrer antes de ver qualquer de seus objetivos realizado. Quem dura mais, vence. Aquele cujos sonhos medem menos que a duração da sua vida só merece a derrota e o descrédito.

5.

O primeiro teste de um movimento político é a quantidade de intelectuais sérios cujas discussões antecedem a sua fundação. O segundo é: quanto dinheiro ele conseguiu em contribuições na sua primeira assembleia? Se o patrimônio intelectual é pobre e o financeiro é miserável, isso quer dizer apenas que o movimento é uma MERDA.

6.

Chega de discutir pontos particulares do programa comunista. É preciso acertar no
coração do bicho em vez de apenas roer-lhe as unhas.

7.

Também chega de discutir lindas 'propostas positivas' para um Brasil melhor enquanto a praga comunista não for extirpada. Quando uma jovem está sendo estuprada, não é hora de sonhar com um lindo casamento, filhinhos, uma casa própria etc. É hora de parar o estuprador.

8.

Já escrevi que, na infância, eu tinha um tremendo complexo de burrice, achava que todo mundo entendia tudo e só eu era o cego perdido no tiroteio. Adotei como objetivo da minha vida entender e explicar — se possível — o que se passa. Não sou líder de merda nenhuma, não tenho ideologia definida, não tenho nenhum programa de ação a oferecer. Mas posso fornecer, aos interessados, algumas informações e análises históricas para que, no devido tempo, descubram o que fazer — e façam. Como diria o Pernalonga: That's all, folks.

9.

Há muitos movimentos antipetistas, anticomunistas e vagamente conservadores eclodindo por aí. Nunca me consultaram a respeito do que quer que fosse. Não me oponho a nenhum deles, mas o fato de subscreverem uma ou outra opinião minha isolada não justifica que se digam meus "seguidores". Quem não segue sequer as minhas aulas não tem como seguir o meu pensamento.

10.

Campanha Nacional: Doe uma Bola a Quem Precisa.

Apelo a todos os meus leitores e amigos para que comprem uma bola de gude, de pingue-pongue, de tênis, qualquer uma, e enviem urgentemente aos necessitados: deputados, senadores, militares, chefes de redação dos grandes jornais e canais de TV, líderes religiosos, tutti quanti. É uma questão de caridade.

********

"O SER HUMANO NÃO NASCEU PARA CORRIGIR O MUNDO."

True Outspeak de 22/11/2010, transcrito por
Felipe Moura Brasil:

(...) A camada intelectual é constituída de pessoas frágeis. Sempre foi assim. São pessoas que às vezes não têm uma posição definida na sociedade, que têm muitas ambições e poucos meios de realização... Então esse pessoal sempre traz um grande ressentimento dentro de si. E olha o mundo e vê o que lhe parece ser a vitória dos maus, que nem sempre são tão maus quanto ele imagina. Mas, diante dessa revolta, ele vendo o poder do mal no mundo, ele se impressiona com o poder do mal, e impressionar-se ante um poder já é cultuá-lo, já é cair sob o domínio dele. Então o sujeito começa a entrar na dialética do mal: ele lê Maquiavel, lê Nietzsche, essa coisa toda, e aí vai elaborar a sua revolta, sem perceber que, com isso, ele está ele próprio se transformando num instrumento do demônio. Quer dizer: quanto mais revoltado contra o mal do mundo o sujeito está, mais mal ele vai fazer, isso aí é a coisa mais óbvia.

O ser humano não nasceu para corrigir o mundo. A esfera de ação própria do ser humano é muito pequena. E hoje em dia todo mundo tem a ambição de criar um mundo melhor. Qualquer garoto de 12 anos está criando um mundo melhor. Então é essa ambição de criar um mundo melhor que faz os camaradas entrarem numa luta pelo poder — porque, se você quer mudar o mundo, você precisa ter o poder para modificá-lo —, então modificar o mundo, melhorar o mundo passa a ser o capítulo 2; o capítulo 1 é conquistar o poder. Esse pessoal cria uma obsessão de poder, e todos eles se corrompem até o fundo da alma, e se transformam eles mesmos em maiores propagadores do mal ainda. Então isso não é porque o sujeito fosse um idealista.

Esse negócio de que os jovens entram nas lutas sociais por ser um idealista, isso é uma patacoada. Que garoto de 14 ou 15 anos tem uma visão correta da sociedade, da pobreza etc.? Que garoto de 14 anos está mais interessado nos outros do que em si mesmo? Me diga. Isso é impossível. Um garoto de 14 anos está lutando pela sua autorrealização. E, se ele está revoltado com a injustiça no mundo, é porque ele se sente injustiçado, embora na maior parte dos casos não o seja. Então ele projeta esse seu sentimento de injustiça nos outros, e diz que ele está representando então os pobres e oprimidos. Isso é uma mentira! Eu digo isso analisando o quê? A minha própria geração e a mim mesmo. O que é que eu sabia da pobreza e da miséria do Brasil quando pela primeira vez me fascinei pelas ideias de esquerda? Não sabia coisíssima nenhuma! Eu sabia que eu estava me sentindo mal. Eu me sentia mal e oprimido, então odiava qualquer coisa que representasse aos meus olhos a autoridade. Então eu estava lutando é pelos meus próprios interesses, pela minha própria vaidade, como todos daquela época!

Eu, inclusive, veja, no Partido Comunista, se você perguntar quem você conheceu que fosse uma pessoa piedosa, caridosa, que tivesse realmente piedade pelos pobres, que tentasse ajudá-los diretamente, não conheci um! Nem um único! Eram todos corações secos! Todos eles! Então o sujeito está lutando pela sua própria vaidade, mas, como se engana a si mesmo, achando que ele é o salvador que está lutando contra o mal, quanto mais ele pensa assim, mais ele se impregna do mal por via da vaidade. (...)

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"SE VOCÊ COMBATER IMPIEDOSAMENTE AS FORÇAS DA DECADÊNCIA, DA CORRUPÇÃO, DA MENTIRA, O RESTO A SOCIEDADE FAZ POR SI."

True Outspeak de 13/09/2010, transcrito por Felipe Moura Brasil:

(...) Eu não acredito nessa história de “Nós queremos montar uma sociedade virtuosa”. Isso aí é uma bobagem, uma bobajada! O nível da convivência social não depende de você ter nenhuma concepção da sociedade; não depende de você ter nenhum plano de sociedade virtuosa; não depende sequer de você ter ideais. Depende só de uma coisa: depende de você atuar contra as forças corruptoras que destroem a sociedade. Você não precisa ter uma proposta positiva.

Por exemplo: você pega aí a polícia. Para que existe a polícia? A polícia existe para combater o crime. Ela não vai fomentar os bons costumes por quê? Porque os bons costumes são normais, eles não precisam ser fomentados. Se você eliminar, se você combater impiedosamente as forças da decadência, da corrupção, da mentira, o resto a sociedade faz por si.

Você não é o único que tem ideia boa. Quantas pessoas tem no Brasil? 180 milhões de pessoas? 190? Então. Cada um deles tem uma boa intenção na cabeça. É só você eliminar os obstáculos que as pessoas realizam as suas boas intenções, as quais uma cabeça humana jamais poderia abarcar. Você não pode conceber de antemão todas as ideias boas, produtivas e humanitárias que as pessoas vão ter nos próximos 50 anos. Não é possível!

Então ter uma concepção integral da sociedade, boa e virtuosa, é perda de tempo. Só precisa combater o crime e a mentalidade revolucionária. É só isto! É só isto! Você não precisa ter belos planos para a economia, você não precisa ter belos planos para a educação, para nada. É só deixar que a sociedade tenha a sua iniciativa; e as pessoas que têm poder e influência que tratem de combater o mal.

Eu já falei pra vocês: não existe mal maior no mundo do que a mentalidade revolucionária há 300 anos. É isto que nós temos que combater! As pessoas dizem: o que nós temos que fazer para melhorar a economia brasileira? Não sei! O que devemos fazer para melhorar a educação no Brasil? Não sei! O que devemos fazer pela saúde pública? Não sei! O que devemos fazer? Devemos tirar do cenário os seus inimigos. O resto, deixa que o povo tenha a sua iniciativa, e todo mundo saberá ter a sua ideia boa e lutar por ela: cada um no seu campo.

Agora, se você vem com uma concepção integral de sociedade, você já está pensando igual à mentalidade revolucionária. Prestem atenção: até o advento da modernidade, ninguém jamais pensou em sociedade melhor. Ninguém pensou. Porque todo mundo sabia, por instinto, que a sociedade resulta de milhões de iniciativas que ninguém controla. Então, as pessoas tratavam de enfrentar os males que estavam ao seu alcance, sem ter nenhuma concepção global duma sociedade melhor. Agora, depois que veio o movimento revolucionário, até os inimigos dele querem ter uma concepção duma sociedade melhor. (...)

Projeto de futuro baseado na concentração de poder, o que é que é? É a revolução de novo, e de novo, e de novo, e de novo... E ninguém sai dessa porcaria! Então, ninguém tem que ter programa positivo para a sociedade. Nós temos apenas que combater os inimigos. Retirar o mal. Estudem Hegel. Hegel falava do “trabalho do negativo”. Se você insistentemente destrói determinada corrente, você está fomentando automaticamente as correntes que têm propostas diferentes. É a coisa mais óbvia. Correntes cujo florescimento você não pode prever e não pode controlar.

O bem é por sua própria natureza expansivo e criativo. Entendam isso, pelo amor de Deus! O bem não precisa ser planejado, meu Deus do Céu! Não precisa ter a “gerência geral do bem”. O bem está em todo coração humano. Ter amor a Deus, ter amor à família, ter amor ao próximo. As pessoas vivem tendo ideias maravilhosas.

Você veja: no Brasil dos anos 1980, 50% da economia nacional era o quê? Era economia informal. Era firma que não tinha registro. Era a mulher que fazia bolo pra vender pras vizinhas... O sujeito que tinha uma oficininha informal... Isso aí estava sustentando o Brasil, era metade da economia brasileira. Daí vem o governo e começa a querer controlar tudo. Pra que controlar se está funcionando, meu Deus do céu? “Ah, mas tem que pagar imposto...” Tem que pagar imposto pra quê? Pra alimentar o governo que vai paralisar tudo? É exatamente isso que está acontecendo. Felizmente, o brasileiro inventa novas e novas maneiras de burlar a fiscalização e continuar trabalhando honestamente.

Você pagar imposto pra esse governo é um crime. Você tá ajudando o Foro de São Paulo, você tá ajudando as Farc, você tá ajudando a bandidagem, você tá ajudando o mensalão, você tá ajudando os assassinos do prefeito de Santo André em Campinas... É pra isso que você paga imposto. O imposto chama-se imposto porque ele é imposto! A gente tem que pagar de má vontade. Tem que lutar pra acabar com essa merda.

Uma das principais alegações dos revolucionários na França em 1779 foi que o governo queria impor imposto de renda. Daí eles fizeram a revolução e qual foi a primeira coisa que eles fizeram? Impuseram o imposto de renda. Mas revolucionário é assim mesmo: não se pode acreditar nesses filhos da puta. (...)

********

"O BRASIL, NA VERDADE, SÓ TEM DOIS PROBLEMAS: A INSEGURANÇA GERAL E A INÉPCIA DA CLASSE DIRIGENTE."

[Do artigo “
O Estado covarde”, Diário do Comércio (editorial), 21 de fevereiro de 2006]

Uma coisa espantosa no Brasil de hoje é a candura, a inocência pueril ou mongolóide com que, num país onde ocorrem 50 mil homicídios por ano, as pessoas se acomodam à violência como uma fatalidade inevitável, dizendo de si para si que aquilo que não tem remédio remediado está, e saem buscando soluções para outros problemas em volta.

Digo cinqüenta mil porque é a estatística oficial da ONU. Segundo o repórter espanhol Luís Mir são 150 mil. Mas, se fossem cinqüenta mil, já seria o equivalente a três guerras do Iraque por ano, em tempo de paz.

Quem pode fazer a economia render, ampliar o mercado de empregos, aumentar a produção de bens, melhorar a distribuição, numa sociedade onde ninguém tem o mínimo de segurança física para saber se vai voltar vivo do trabalho? Quem pode pensar em educação, saúde, habitação, vestuário, se está sob ameaça de morte 24 horas por dia?

Isso é tudo ilusão, besteira, desconversa. Sem segurança não há progresso, educação, saúde, nem coisa nenhuma. Todo mundo sabe disto e faz de conta que não sabe. Faz de conta porque tem medo de enfrentar o problema fundamental, e então sai brincando de resolver os problemas periféricos só para dar "a si mesmo ou à platéia" a impressão de que está fazendo alguma coisa.

A taxa anual de homicídios no Brasil significa, pura e simplesmente, que não há ordem pública, não há lei nem direito, não há Estado, não há administração, há apenas um esquema estatal de dar emprego para vagabundos, sanguessugas, farsantes. O Estado brasileiro é uma instituição de auto-ajuda dos incapazes. E você, brasileiro, paga. Paga a pantomima toda. Paga para o sr.
Gilberto Gil fazer de conta que é culto, paga para o sr. Nelson Jobim fazer de conta que é honesto, até para o sr. Lula da Silva fazer de conta que preside alguma coisa.

O Brasil, na verdade, só tem dois problemas: a insegurança geral e a inépcia da classe dirigente. O primeiro não deixa ninguém viver e o segundo anestesia a galera para que não ligue e trate de pensar em outra coisa. Desaparecidos esses dois problemas, a sociedade encontraria sozinha as soluções dos demais, sem precisar da ajuda de governo nenhum. A sociedade pode perfeitamente criar e distribuir riqueza, dar educação às crianças, encontrar meios de que todos tenham uma renda decente, moradia, saúde, assistência na velhice.

O que a sociedade não pode é garantir a ordem pública pela força das armas e educar os governantes para que governem. Isso tem de vir do Estado. Mas o Estado, justamente para não ter de fazer o que lhe compete, prefere se meter em todo o mais. É o Estado educador, o Estado médico, o Estado assistente social, o Estado onissapiente. Só não é o Estado-Estado. Só não é o que tem de ser.

É o Estado que tem cada vez mais poder sobre os cidadãos e menos poder contra os inimigos do cidadão. É o Estado santarrão, pomposo, grandiloqüente e covarde.

********

AS 8 SOLUÇÕES DE OLAVO DE CARVALHO PARA O BRASIL

[Do artigo “
Dormindo profundamente”, Diário do Comércio, 19 de junho de 2006]

Alguns leitores reclamam que descrevo o problema mas não indico solução. Sabem por que faço isso? É que as únicas soluções possíveis são tão difíceis e remotas que só de pensar nelas a visão do problema se torna ainda mais insuportável. Cada vez que volto ao assunto ecoa na minha memória o verso de Manuel Bandeira, o mais triste da literatura universal, que resume a história do Brasil nas últimas décadas: “A vida inteira que poderia ter sido e que não foi.”

(...)

Querem soluções? Elas existem, mas os homens influentes deste país, tão logo acabem de ler a lista, já vão querer atenuá-las, adaptá-las ao nível de covardia e preguiça requerido para ser direitistas “do bem” ou então diluí-las em objeções sem fim até que se transformem nos seus contrários, mui dialeticamente.

Se querem saber, essas soluções são as seguintes:

1. Aceitar a luta ideológica com toda a extensão das suas conseqüências. Não fazer campanhas genéricas “contra a corrupção”, salvando a cara do comunismo, mas mostrar que a corrupção vem diretamente da estratégia comunista continental voltada à demolição das instituições.

2. Criar uma rede de entidades para divulgar os crimes do comunismo e mostrar ao público o total comprometimento da esquerda atual com aqueles que os praticaram. A simples comparação quantitiva fará o general Pinochet parecer Madre Teresa.

3. Criar uma rede de ONGs tipo media watch para denunciar e criminalizar a desinformação esquerdista na mídia nacional, a supressão proposital de notícias, a propaganda camuflada em jornalismo.

4. Desmantelar o monopólio esquerdista do movimento editorial, colocando à disposição do público milhares de livros anticomunistas e conservadores que lhe têm sido sonegados há quatro décadas.

5. Formar uma geração de intelectuais liberais e conservadores habilitados a desmascarar impiedosamente os trapaceiros e usurpadores esquerdistas que dominaram a educação superior e os órgãos de cultura em geral.

6. Formar e adestrar militância para manifestações de rua.

7. Durante pelo menos dez anos enfatizar antes o fortalecimento interno do movimento do que a conquista de cargos eleitorais.

8. Criar um vasto sistema de informações sobre a estratégia continental esquerdista e suas conexões com os centros do poder globalista, de modo a esclarecer o empresariado, os intelectuais e as Forças Armadas.

Essas são as soluções. Tudo o mais é desconversa. Ou os brasileiros fazem o que tem de ser feito, ou, por favor, que parem de choradeira. Que aprendam a morrer com decência. Se o Brasil cessar de existir, ninguém no mundo vai sentir falta dele. E se todos os brasileiros não inscritos no PT, no PSOL, na CUT e similares entrarem na próxima lista de falecidos do Livro Negro do Comunismo, talvez só eu mesmo ache isso um pouco ruim. Em todo caso, o fim do Brasil não vai abalar as estruturas do cosmos. Os esforços da direita nacional para a conquista da perfeita inocuidade estão perto de alcançar o sucesso definitivo. Quem em vida se esforçou para não fazer diferença, não há de fazer muita depois de morto.

(...)

 

FUNÇÃO DOS INTELECTUAIS E DA MILITÂNCIA

[Do artigo “
Da falta que a militância faz”, Diário do Comércio, 5 de julho de 2010]

(...) Militância, por seu lado, não se cria da noite para o dia. Ela começa com círculos muito pequenos de intelectuais que, por anos, nada fazem senão discutir e discutir, analisando diariamente, com minúcia obsessiva, uma conjuntura política na qual não têm o mínimo poder de interferir. É do seu debate interminável que emergem, aos poucos, certas maneiras de pensar e falar que, consolidadas e simplificadas em esquemas repetitivos, se tornam espontaneamente a linguagem dos insatisfeitos em geral. Quando estes aceitam a linguagem do núcleo intelectual como expressão de suas queixas (por mais inadequada que essa linguagem seja objetivamente), é então que começa o adestramento da militância propriamente dita. De início suas iniciativas podem parecer deslocadas e pueris, mas elas não visam a alcançar nenhum resultado objetivo: são apenas ação imanente, destinada a consolidar a militância. Isto é tão importante, tão vital, que todo movimento político sério tem de começar sacrificando eleições e cargos ao ídolo da solidariedade militante.

A direita não tem militância, desde logo, porque não entende a função dos intelectuais. Quer usá-los apenas como adornos, como redatores de publicidade ou como revisores de estilo do discurso empresarial. Não compreende que a análise de conjuntura, a revisão de estratégias, o auto-exame e a busca constante das chaves da unidade do movimento têm de ser atividades diuturnas, incansáveis, obstinadas. Essa é a função por excelência dos “intelectuais orgânicos”. Sem isso não há militância, e sem militância não adianta nem mesmo vencer eleições. Perguntem ao Fernando Collor.


Felipe Moura Brasil
edita o Blog do Pim e é o organizador e autor do prefácio do livro de Olavo de Carvalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota
, que será lançado no fim de julho pela Editora Record.

Nota de rodapé: A partir de agora, quando alguém perguntar quais são, ou exigir, as soluções para o país, em vez de você sair copiando e colando tudo que Felipe Moura Brasil transcreveu e organizou aqui, compartilhe com muito amor o link desta página e dê o crédito ao autor, ok? Obrigado!

http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14298-o-problema-do-brasil-e-a-confusao-mental.html

A direita permitida

 A direita permitida
Olavo de Carvalho



Artigos - Cultura

O controle sobre o uso do vocabulário público é um dos instrumentos mais eficientes e mais perversos do arsenal criado pela estratégia de Antonio Gramsci para o estabelecimento da hegemonia – o domínio hipnótico das consciências – e a subseqüente tomada do poder pela esquerda revolucionária.


Quando você ouvir dizer que "Direita e esquerda são noções ultrapassadas", repare bem e notará que em geral a frase vem da boca de algum senhor satisfeito e de unhas polidas, que corresponde esquematicamente àquilo que no imaginário comunista constitui um "burguês". Ela é, com efeito, um lugar-comum da "direita". Pelo menos um esquerdista contumaz diria que o é -- e eu não hesitaria em lhe dar razão, com a ressalva de que aí não se trata da direita em geral, da direita essencial que se encarnou historicamente em Edmund Burke, em Disraeli, em Aléxis de Tocqueville, em T. S. Eliot ou em João Camilo de Oliveira Torres, mas de uma direita muito específica, localizada e até peculiar: a direita brasileira de hoje, constituída inteiramente de senhores satisfeitos e de unhas polidas, cuja única preocupação na vida, além de absorver rios de dinheiro para engordar e dispender rios de dinheiro para emagrecer, é precisamente não se preocupar com nada.

Além de poder ser facilmente identificado pela mencionada palavra-de-passe, o membro dessa facção ideológica assinala-se também por autodenominar-se "centro", um termo cuja exatidão se pode aferir matematicamente pela equidistância do seu umbigo a qualquer ponto da majestosa circunferência abdominal que delimita, por assim dizer, a sua substância espiritual.

Se, munido desses dois indícios, o leitor ainda tiver alguma dificuldade para distinguir o tipo, há um terceiro critério, que não falha: o componente desse partido notabiliza-se pela absoluta inexistência, no seu ser consciente, de qualquer conflito entre a tranquilidade soberana com que ele nos assegura que o comunismo morreu e a solicitude temerosa com que busca aplacar as exigências do falecido mediante polpudos cheques para projetos educacionais de doutrinação esquerdista, para a campanha do PT, para prêmios culturais dados aos ídolos da esquerda.

Visto da esquerda, esse é o direitista ideal, o direitista que os comunistas pediram – ou pediriam, se fossem crentes -- a Deus. Além de alimentar com sua conta bancária os empreendimentos da revolução em marcha e protegê-los sob o manto de invisibilidade das almas do outro mundo, ele ainda consente em oferecer sua própria pessoa como máximo exemplo comprobatório do argumento comunista, desempenhando de bom grado o papel do gorducho fominha, a imagem didática do burguês enfatuado, egoísta e interesseiro, que o doutrinador marxista pode, com a certeza do fácil sucesso oratório, exibir a boquiabertos militantes como protótipo do inimigo odioso e desprezível a ser varrido da face da terra pela revolução salvadora.

Outra vantagem indiscutível que a rotunda presença desse personagem na ala direita do palco oferece aos ocupantes da ala contrária é que, uma vez identificado o seu perfil com o da direita enquanto tal, qualquer direitista um pouco diferente dele que se apresente, por exemplo, um direitista honrado, cheio de idéias, que prefira antes defender valores morais do que representar alegremente o papel do palhaço da história, acabará parecendo um tipo estranho, não terá como ser catalogado e facilmente será expelido para o domínio do anormal, do inaceitável, do absurdo. Não havendo nome específico para isso no vocabulário corrente, o jeito será apelar à ampliação quantitativa e carimbá-lo: "Extrema-direita". Hoje em dia, com efeito, basta você dizer qualquer coisa que saia dos lugares-comuns da direita gorda sonsa, basta você fazer qualquer crítica mais séria ao discurso dominante – basta você dizer, por exemplo, que ser "gay" não é tão valioso quanto ser santo --, e pronto: todos respondem que você é o Le Pen em pessoa, se não Benito Mussolini ou Adolf Hitler. Não estou caricaturando: estou descrevendo coisas que se passam todos os dias nos jornais e nas universidades.

Eis então a direita reduzida à opção entre fazer o papel de bode expiatório ou ser chamada de fascista, de nazista, de virtual assassina de negros, índios e judeus (embora ela esteja repleta de judeus, negros e descendentes de índios). Como ninguém quer fazer esse papel vexaminoso, todos se apressam em vestir seu uniforme de gorduchos fominhas e a sair repetindo pelas ruas: "Sou de centro! Sou de centro!"

Aí a esquerda deixa você existir: o gorducho, afinal, está aí apenas para ser roubado, cuspido e ainda acusado de corrupção. Qualquer direita que não caiba nesse modelo é nazismo.

O próprio termo "direita" foi tão criminalizado, que hoje um brasileiro, viajando pela Europa, se surpreende ante a tranqüilidade com que um Paul Johnson, um Roger Scruton se apresentam como direitistas e na platéia ninguém tem chilique, nem os confunde com Le Pen. Sim, na Europa a direita se mostra e não é considerada pornográfica. No Brasil, quando ela aparece, as mães cobrem os olhos de seus filhos.

O controle sobre o uso do vocabulário público é um dos instrumentos mais eficientes e mais perversos do arsenal criado pela estratégia de Antonio Gramsci para o estabelecimento da hegemonia – o domínio hipnótico das consciências – e a subseqüente tomada do poder pela esquerda revolucionária.

Uma direita inerme e caricatural que não ousa dizer seu nome, uma direita incapaz de escolher seu próprio destino, uma direita condenada a desempenhar os papéis ora ridículos ora odiosos que seus inimigos lhe designaram, é o produto mais típico da hegemonia esquerdista triunfante.



Publicado no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, em 1º de julho de 2000.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Destaque:
Manifestação Contra o Foro de São Paulo

No dia 31 de Julho em São Paulo será realizado o "XIX 

Encontro do Foro de São Paulo" Vamos nos manifestar 

contra o evento e sua realização.


PARTICIPE: AJUDE A DIVULGAR E A ORGANIZAR O EVENTO EM SUA CIDADE

TODOS OS BLOGS, POR FAVOR, PUBLIQUEM ESTA NOTICIA


Publicações

sábado, 22 de junho de 2013

Philip Zimbardo - Como pessoas comuns se tornam monstros.... ou heróis

Educação e senso crítico


Escrito por Rafael Falcón | 18 Junho 2013
Artigos - Educação

Não há garantias quanto ao que eles "considerarão" justo ou injusto, mas assegura-se a disposição de "lutar". Aliás, dou-lhe um bom conselho: se encontrar alguém com "senso crítico", o melhor é sair correndo.


Dia 17 de maio, sexta-feira, um professor de História foi demitido pelo colégio lassalista Pão dos Pobres, aparentemente sem esclarecimentos. Na segunda-feira, dia 20,
um grupo de alunos protestou contra a demissão, repercutindo na mídia local. A situação divide-nos imediatamente em dois grupos: conservadores católicos versus todo o resto.

Pessoalmente, eu fico no segundo grupo (esse mesmo: o resto). O diretor não ofereceu nenhuma explicação, nem aos jornais nem aos pais de alunos (a essa altura congregados), alegando "motivos pessoais". Os professores é que especularam em torno de uma razão "religiosa", sem obter porém qualquer confirmação oficial. Está bem, está bem; enquanto o colégio Pão dos Pobres resolve seus problemas administrativos, eu gostaria de falar de outra coisa.

Na notícia que indiquei acima, há fotos do "protesto" estudantil. Vemos acusações de fascismo e narizes de palhaço - perdoem-me os que tiverem vista melhor, pois não consegui ler os outros cartazes. Nas falas dos professores demitidos (houve uma "professora de filosofia", se é que isso existe, que se demitiu em protesto), ficamos sabendo que na sala de aula eles "trabalhavam (sic) alienação e ideologia", e que os alunos lhes dariam orgulho por terem aprendido a "lutar pelo que consideram justo". Um aluno manifestou-se em consonância, afirmando que estava "lutando pelos seus direitos".

O mais curioso são os comentários à notícia, muitos feitos por pais de alunos, em que os meninos são elogiados por seu "pensamento crítico". O protesto na escola seria um testemunho inquestionável da qualidade pedagógica dos referidos professores. Alguns chegam ao ponto de afirmar, baseados na notícia, que esses jovens certamente serão cidadãos exemplares, modelos de educação para as escolas de todo o país. O professor demitido ensinou-lhes bem a História, tanto que agora fazem protestos. O próprio, aliás, concorda inteiramente, e diz que se orgulha; a outra, auto-demitida, atribui os feitos heroicos dos estudantes a suas aulas de alienação e ideologia. Isso mostra duas coisas: 1) que o juízo pedagógico de pais e professores coincide, nos critérios como na prática; e 2) o significado concreto do termo "senso crítico", que parece ser, na opinião de todos, o objetivo máximo da educação.

Na notícia não há palavra que indique alguma instrução escolar especial nos meninos. Eles falam, escrevem, usam nariz de palhaço e gritam palavras de ordem; até aqui, mostraram competências dignas da primeira série do ensino primário. No mais, chamaram o diretor de "fascista", prova clara de que não sabem o que é fascismo, e declararam que estão lutando por seus direitos - mostra inequívoca de que não sabem quais são. Se alunos têm direito a forçar a recontratação de um funcionário,
empresários têm o dever de obedecer ao clamor estudantil. Não é justo, portanto, que os empresários sejam donos de suas empresas. Isto é, para que as coisas estejam corretas, é necessário acabar com a propriedade privada. A molecada não percebe nada disso, é claro; eles só fazem o que lhes ensinaram, e lhes ensinaram bem. São instrumentos de ideias que não compreendem, e das quais talvez até discordem. Monkey hear, monkey do.

Entende-se, assim, que o termo "senso crítico" (e aparentados) não significa uma faculdade intelectual; não diz respeito a pensar com correção, ter ideias criativas ou ser capaz de opor objeções racionais a uma tese dada. Não houve qualquer indício de que os estudantes em questão tenham feito algum esforço dessa natureza. O que houve foi que, diante de um ato indesejado do diretor, os alunos esboçaram uma reação política rápida, organizada e truculenta, carregada de slogans e insultos fáceis. Concluímos, portanto, que "senso crítico", se não quer dizer pensamento, quer dizer ação. Mas não se trata, como o bom-senso postularia, de enfocar a ação do ponto de vista de sua moralidade, racionalidade ou refinamento metodológico. Trata-se da ação enquanto ação, independente de qualquer critério na forma ou no conteúdo. O cidadão ideal deve simplesmente reagir, com o máximo vigor, ao que não lhe agrada. Não importa se está certo ou errado; ele deve, segundo o ex-professor, lutar pelo que considera justo. O foco é na "luta", não na veracidade do julgamento.

Na escala social, tais "cidadãos críticos", supondo que chegassem a compor maioria, gerariam uma curiosa situação. Tomados por um ressentimento causado por sabe-se lá o quê - afinal, sua educação não se ocupa de analisar causas - erguer-se-iam de suas poltronas furiosos, aglomerando-se nas ruas com cartazes improvisados, berrando insultos ao objeto - real ou irreal - de seu ódio, invadindo igrejas e sinagogas para dizer que "injustiça também é pecado". Não há garantias quanto ao que eles "considerarão" justo ou injusto, mas assegura-se a disposição de "lutar". Aliás, dou-lhe um bom conselho: se encontrar alguém com "senso crítico", o melhor é sair correndo. E não vá pensando, erroneamente, que esses cidadãos são marxistas. O marxismo é uma complicada tradição teórica que, para eles, é totalmente ininteligível; eles não sabem que há ideias verdadeiras e falsas, e não poderiam sequer compreender uma argumentação concreta em favor do marxismo. Sabem, sim, que há ideias certas e erradas, justas e injustas; o critério que usam para discerni-las, só Deus sabe. Nenhum lhes foi ensinado na escola.

Eu disse "só Deus sabe", mas fui impreciso. Eu mesmo sei alguma coisa a respeito. Há uma disciplina chamada Psicologia Social, cujas pesquisas já mostraram além de qualquer dúvida que é possível prever e até controlar a reação de um número de pessoas com critérios específicos e mensuráveis. A Psicologia Social já provou, por exemplo, que figuras investidas com autoridade científica podem ordenar a cidadãos pacatos que assassinem pessoas inocentes. Com sucesso na maioria dos casos. É duro de acreditar, mas foi provado experimentalmente. Há impulsos naturais cuja força supera a racionalidade média. E o que será que acontece quando a escola se transforma num instrumento de amplificação, não da racionalidade média, mas da intensidade desses impulsos naturais? Se a educação, numa dada sociedade, é o processo de justificação absoluta dos impulsos, especialmente dos ressentimentos e indignações, espera-se uma previsibilidade cada vez maior das reações psicológicas na sociedade em questão. A estatística de exceções vai-se reduzindo e dando lugar ao reino incontestado das leis da Psicologia Social. Quem tiver acesso a essas leis, e aos meios de comunicação de massa, tem poder quase total sobre uma massa irracional predisposta a levar quaisquer impulsos passionais às últimas consequências. E Platão achava ruim lá em Atenas.

Quem pensa, porém, que o quadro desenhado acima é mero produto de minha inteligência dedutiva, está redondamente enganado. Releia minhas deduções e compare com o cotidiano desta sociedade de "manifestações", "movimentos sociais", palavras de ordem, ONGs, slogans... já vivemos nesta sociedade distópica. De te fabula narratur. Eu e você fomos educados precisamente segundo esse método, e temos hoje - gostemos ou não - as exatas disposições projetadas por ele. Se nos deixarmos estar naturalmente, discutiremos assim, leremos assim, escreveremos assim; só nos é possível adotar algum critério racional mediante um esforço tremendo de auto-educação. Quanto a isso já dizia Quintiliano: onus dedocendi gravius et prius quam docendi, desensinar é mais custoso que ensinar - e é também mais urgente. Quando educação significa imbecilização, a prioridade deve ser tornarmo-nos péssimos alunos. É hora de lutar pelo direito de não ser educado.

Publicado no site
Ad Hominem.
http://www.midiasemmascara.org/artigos/educacao/14237-educacao-e-senso-critico.html

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fundações internacionais e as manifestações no Brasil

sexta-feira, 17 de maio de 2013



Devotos de um vigarista
Escrito por Olavo de Carvalho | 14 Maio 2013
Artigos - Cultura


Longe de ampliar o horizonte dos problemas filosóficos, o que Karl Marx fez foi restringi-lo com um dogmatismo acachapante, instituindo aquilo que Eric Voegelin caracterizou como “proibição de perguntar”.



A Folha de S. Paulo (v.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1234518-intelectuais-brasileiros-explicam-porque-ainda-e-importante-ler-marx.shtml) perguntou a quatro dos seus mais típicos mentores por que é ainda importante ler Karl Marx. Nenhum deles deu a resposta certa: porque ninguém pode ignorar, sem grave risco, as idéias que mataram mais seres humanos do que todos os terremotos, furacões, epidemias e desastres aéreos do último século, mais duas guerras mundiais. Infringindo a regra elementar do próprio Karl Marx, de que a verdadeira substância de uma idéia é a sua prática e não a sua mera formulação conceitual, três deles mostraram enxergar o marxismo como pura teoria, separada da ação que exerceu no mundo, e incorreram assim no delito de “formalismo burguês”, o mais abominável para um cérebro marxista. Eu não tomaria aulas de marxismo com esses sujeitos nem se eles me pagassem.
O quarto, prof. Delfim Neto, na ânsia de redimir-se ante a intelectualidade esquerdista do pecado de ter servido à ditadura militar, caprichou no hiperbolismo e atribuiu a Karl Marx o dom da eternidade, que numa perspectiva marxista não faz o menor sentido.

O prof. José Arthur Gianotti recomendou reler Karl Marx cuidadosamente, porque “sua concepção da história foi adulterada, por ter sido colada, sem os cuidados necessários, a um darwinismo respingado de religiosidade.” Adulterada? Colada? Nenhum dos continuadores de Karl Marx revelou tanta dívida intelectual para com Charles Darwin quanto o próprio Karl Marx, que declarou sua filosofia nada mais que a interpretação darwinista da História e só não dedicou O Capital ao autor de A Origem das Espécies porque este não permitiu. Quanto à tonalidade religiosa, ou pseudo-religiosa, ela é mais do que notável nos Manuscritos de 1944 e ressoa em cada linha das verberações proféticas anticapitalistas espalhadas ao longo de toda a obra de Marx. O prof. Gianotti é que quer separar artificialmente aquilo que nasceu junto. “Reler cuidadosamente”? Não é preciso. Bastaria ter lido.

Mas o mais cômico dos quatro foi o sr. Leandro Konder, que intelectualmente já saiu do mundo dos vivos há três décadas e não precisaria ter abandonado seu estado de animação suspensa para confirmar, na Folha, aquilo que ele já provou centenas de vezes: sua prodigiosa incultura, seu total desconhecimento dos assuntos em que opina.

Disse ele: “Os grandes pensadores são grandes porque abordam problemas vastíssimos e o fazem com muita originalidade. A perspectiva burguesa, conservadora, evita discuti-los. E é isso o que caracteriza seu conservadorismo.”

Os conhecimentos que não só ele pessoalmente, mas toda a corriola de mentecaptos marxistas deste país tem daquilo que ele chama “perspectiva burguesa” podem ser avaliados pelo Dicionário Crítico do Pensamento da Direita, em que 104 dessas criaturas ridículas se encheram de dinheiro público para dar um show de ignorância como nunca se viu no mundo. Leia em
http://www.olavodecarvalho.org/textos/naosabendo.htm e depois volte aqui.

Essa gente simplesmente não estuda os pensadores que parecem antipáticos ao seu partido. Adivinha ou cria suas idéias à distância, partindo de fofocas, piadas, fantasias preconcebidas e lendas urbanas que constituem, no seu ambiente mental sufocantemente provinciano, a única bibliografia requerida para quem deseje pontificar a respeito. Fazem isso até comigo, que tenho uma obra publicada relativamente escassa, por que não o fariam com os autores de muitas dezenas de volumes, como Leibniz, Husserl, Voegelin ou o nosso Mário Ferreira dos Santos?

A um boboca que desconhece tudo aquilo que despreza, é forçoso que o horizonte de problemas pensado por Karl Marx pareça, em comparação com o nada, “vastíssimo”. Mas Karl Marx, em verdade, pensou num único problema: a luta de classes. Todos os outros conceitos da sua filosofia foram recebidos prontos, como os de dialética, de alienação ou de comunismo, ou são apenas afirmados sem nenhuma discussão crítica, como o próprio “materialismo dialético”, ou derivam da luta de classes por mero automatismo, como os de ideologia, superestrutura etc. Longe de ampliar o horizonte dos problemas filosóficos, o que Karl Marx fez foi restringi-lo com um dogmatismo acachapante, instituindo aquilo que Eric Voegelin caracterizou como “proibição de perguntar”. Já nem falo dos grandes problemas clássicos como o fundamento do ser, o sentido da existência, o bem e o mal, etc. Nem o próprio conceito de “valor”, essencial na sua economia, ele discute. Postula-o no começo de O Capital e segue adiante, sem notar que disse uma tremenda asneira.

Comparado ao de Leibniz, de Aristóteles ou de Platão (ou mesmo ao de um Eric Voegelin, de um Max Weber, de um Christopher Dawson ou de um Pitirim Sorokin), o horizonte de problemas de Karl Marx é deploravelmente pobre. Sua cultura literária é a de um professor de ginásio, seus conhecimentos de história da pintura, da arquitetura e da música praticamente nulos, suas noções de
teologia não fazem inveja a nenhum seminarista. Pergunto-me, por exemplo, qual a relevância do pensamento de Karl Marx para as ciências biológicas, para a física, para as matemáticas. Zero. A breve incursão do seu amigo Engels nesses domínios foi um vexame espetacular.

Em matéria de ética, então, o tratamento que Marx dá ao problema da felicidade humana é decerto o mais besta, o mais grosseiro de todos os tempos: tomemos o dinheiro da burguesia e todos serão felizes. Enfeitado o quanto seja, o argumento é esse. Só por esse detalhe o homem já mereceria o adjetivo com que o resumiu Eric Voegelin: “Vigarista”.

http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14125-devotos-de-um-vigarista.html

segunda-feira, 13 de maio de 2013



13/05/2013-03h30
O bandido e o frentista


A população está entregue às traças, enquanto nos palácios, gente inteligentinha de todo tipo (com o mesmo caráter da aristocracia pré-revolucionária de Versailles) discursa sobre "direitos humanos dos bandidos", toma vinho chileno, paga escola de esquerda da zona oeste de São Paulo que custa 3 mil reais mensais e vai para Nova York brincar de culta.

A inteligência ocidental está podre, mergulhada em seus delírios de reconstrução do mundo a partir de seus três gnomos Marx, Foucault e Bourdieu.

Nós, desta casta de ungidos, desprezamos o povo comum porque pensamos que o que eles pensam é coisa de gente ignorante.

Outro dia fui abordado por um frentista num posto perto da minha casa na zona oeste (perto daquela praça destruída aos domingos pelas bikes -"bicicletas" na língua de pobre). Ele disse: "O senhor não é aquele filósofo da televisão?". E continuou: "Não pense que porque somos proletários, não entendemos o que o senhor fala na televisão".

Quem adivinha do que ele queria falar? Este posto sempre foi 24 horas e agora não é mais. Por quê? Disse ele que estavam todos, do dono aos funcionários, cansados de serem assaltados toda noite. Disse ele: "O ladrão vem na sua moto, para, põe a arma na nossa cara, rouba tudo, ameaça nos matar e vai embora. Nada acontece".

E mais: "E fica todo mundo preocupado com o direito dos bandidos. Onde ficam os direitos de quem trabalha todo dia?".

Vou dizer uma blasfêmia, dirão alguns dos meus amigos da casta inteligentinha: se preocupar com direitos dos bandidos é apenas um modo chique de continuar se lixando para o "povo", assim como os coronéis nordestinos sempre se lixaram, a diferença agora é que a indiferença para com o destino das pessoas comuns vem regada a vinho chileno e leituras de Foucault.

A "elite branca letrada" é completamente indiferente para com o destino desse frentista.

Ele pede para que a polícia "acabe com os bandidos para ele poder trabalhar e a mulher e filhos dele não serem mortos". Ingênuo? Simplista? Talvez, mas nem por isso menos verdadeiro na sua demanda "por direitos".

A verdade é que estamos mergulhados num blá-blá-blá pseudocientífico das razões que levam alguém a ser bandido, seja qual for a idade, e enquanto isso esse frentista se ferra.

O que terá acontecido, que de repente a elite letrada e pública ficou tão "sensível ao sofrimento social" e tão indiferente ao sofrimento desta "pequena gente honesta"? Até escuto alguns de nós dizer: "São uns mesquinhos que só pensam nas suas vidinhas". Quem sabe alguns mais anacrônicos arriscariam: "Isso é resquício do pensamento pequeno burguês".

A verdade é que nós estamos pouco nos lixando para o que essa gente que anda de metrô, trem e quatro ônibus sofre. Todo mundo muito "alegrinho" com a PEC das empregadas domésticas, mas entre elas e os bandidos a vítima social são os bandidos.

A pergunta que não quer calar é: por que em países islâmicos, por exemplo, com alto índice de pobreza, não existe criminalidade endêmica? Será que tem a ver com medo da terrível punição corânica?

Dirão os inteligentinhos que a causa da criminalidade é social. Hoje em dia, "causa social" serve para tudo, como um dia foram os astros e noutro a vontade dos deuses.

Não nego que existam componentes sociais de fome e sofrimento na causa do comportamento criminoso, mas ninguém mais leva em conta que a maioria que vira bandido porque não quer trabalhar todo dia como esse frentista.

Ser bandido é, antes de tudo, um problema de caráter. E esse frentista, pobre também, sabe disso muito bem, só quem não sabe é minha casta de inteligentinhos.

O que dirão os inteligentinhos quando esse contingente de verdadeiras vítimas sociais do crime começarem a se organizar e matar os bandidos a sua volta? Pedirão a alguma ONG europeia para proteger os bandidos dessa gente "mesquinha" que só pensa em sua casinha, seus filhinhos e seu dinheirinho?

Acusarão essa gente humilhada e assaltada de não ter "sensibilidade social"? Dirão que soltar bandidos na rua é "justa violência
revolucionária"?


Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, "Contra um mundo melhor" (Ed. LeYa). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2013/05/1277563-o-bandido-e-o-frentista.shtml

terça-feira, 7 de maio de 2013



A animalização da linguagem

Escrito por Olavo de Carvalho | 07 Maio 2013
Artigos - Cultura

Ninguém debate para mostrar que tem razão, mas apenas para separar quem está do “seu” lado de quem está “do lado dos outros”. As discussões não têm mais objetos: só sujeitos.


No penúltimo estágio da degradação cultural, a linguagem perde toda referência aos objetos de experiência e se reduz a um conjunto de sinais de reconhecimento grupal. O que as pessoas dizem já não tem nada a ver com fatos e coisas de um “mundo” objetivo, mas expressa apenas o reflexo de simpatia ou antipatia com que os membros de um grupo distinguem os “de dentro” e os “de fora”. Quando o ouvinte de um discurso diz que “concorda” ou “discorda”, isso não significa que o conteúdo ouvido reflete ou nega os dados acessíveis da sua experiência real, mas apenas que o falante usou dos cacoetes de linguagem que parecem identificá-lo como um membro do grupo ou como um estranho, como um “amigo” ou “inimigo”. Desaparecido do horizonte o quadro externo que deve servir de mediador entre falante e ouvinte, o acordo ou desacordo entre estes baseia-se agora nos puros sinais de uma identidade coletiva automaticamente reconhecível, como, entre os cães e lobos, o cheiro dos seus genitais ou os resíduos da sua urina no chão. Os sinais sonoros ainda são os mesmos da linguagem humana, mas a regra semântica imanente é a da comunicação animal.

Mas também é claro que esse tipo de reconhecimento não pode expressar uma concordância no sentido profundo e etimológico dos corações que se encontram. Sentimentos pessoais não são signos lingüísticos, são dados de realidade, que, por isso mesmo, permanecem inacessíveis ao uniformismo dos códigos de reconhecimento. Seria mesmo inconcebível que uma modalidade de comunicação incapaz de apreender até os dados da experiência exterior e pública pudesse lidar com a matéria mais fina dos sentimentos individuais. Estes recuam para o subsolo do inconsciente e do inexpressável, o que torna ainda mais enfáticas e vigorosas, como compensação, as ostentações de afinidade grupal. O reflexo de aprovação ou repulsa é expresso com tanto mais feroz intensidade quanto menos corresponde à individualidade da experiência interior e quanto mais reflete apenas a ânsia de identificação com um grupo mediante a hostilidade ao grupo contrário.

Não é de espantar que, suprimida a possibilidade de expressar sentimentos pessoais autênticos, o código uniforme que os substitui e encobre apele, com freqüência crescente, à expressão direta e ostensiva dos impulsos sexuais, que nem por serem de uma repetitividade desesperadoramente mecânica deixam de simular, nesse novo panorama das relações humanas, a função outrora desempenhada pelas confissões íntimas. “Sair do armário”, “assumir-se”, exibir-se despudoradamente em palavras ou gestos, já nada tem de uma confissão: é a inscrição pública num grupo de pressão, premiada imediatamente por manifestações gerais de solidariedade.

O último estágio atinge-se quando esse tipo de comunicação se alastra para fora das conversações banais e debates de botequim e invade a esfera da linguagem “culta” dos jornais, dos debates parlamentares e das teses acadêmicas.

Quase que obrigatoriamente, o que hoje em dia passa por “argumento”, nesses meios, é o chavão identificador que não procura impugnar as provas do adversário, nem mesmo seduzi-lo, mas apenas reiterar o apoio dos concordantes, fazer número, aumentar o poder de pressão mediante a ostentação de uma força coletiva unida, coesa, cada vez mais impaciente, cada vez mais intolerante. Ninguém debate para mostrar que tem razão, mas apenas para separar quem está do “seu” lado de quem está “do lado dos outros”. As discussões não têm mais objetos: só sujeitos.

Quando, trinta anos atrás, o comunista chamava o inimigo de “reacionário”, isso correspondia a uma catalogação ideológica precisa, com traços discerníveis na realidade. Quando hoje a feminista enragée ou o gayzista histérico clamam contra a “elite patriarcal conservadora e machista”, estão aludindo a uma entidade perfeitamente inexistente. A elite neste país, como aliás na Europa e nos EUA, é acentuadamente feminista e gayzista. Resíduos de machismo só subsistem nas classes mais baixas, e um autêntico conservadorismo moral só permanece vivo entre religiosos banidos dos ambientes chiques. Por que, então, atacar um dragão de papel? Precisamente porque é de papel. Nada reforça mais a unidade e a agressividade de um grupo odiento do que a investida fácil, barata e sem riscos contra um inimigo imaginário. De passagem, o inimigo real, o povo cristão, é pintado com as cores repulsivas da classe capitalista que o despreza e marginaliza. Se usassem de categorias sociológicas objetivas para descrever a situação, os inflamados próceres desses movimentos teriam de reconhecer que não lutam contra um poder discriminador, mas contra discriminados e perseguidos, gente sem chance na grande mídia, na carreira universitária e nas festas do beautiful people. Seria terrivelmente desmoralizante. A linguagem dos sinais animais contorna esse perigo, sufocando a realidade sob o apelo histérico da identidade grupal.


* * *

Se querem um exemplo de como ainda é possível, mesmo nesse estado de coisas animalizante, usar a linguagem no pleno sentido humano, tornando a realidade presente e fazendo-a falar por si mesma com eloqüência quase angélica, ouçam a pregação da advogada e pastora Damares Alves, da Igreja Batista, em
http://www.youtube.com/watch?v=BKWc0sUOvVM, sobre a guerra de extermínio moral empreendida pelo governo petista, com a ajuda de grupos bilionários nacionais e estrangeiros, contra as crianças deste país. Mesmo feministas e gayzistas não podem ouvi-lo com indiferença. É, sem favor nenhum, o discurso mais importante e mais valioso proferido em português do Brasil no último meio século. 

Publicado no Diário do Comércio.

http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14107-a-animalizacao-da-linguagem.html